A Consciência de Grupo - Constelações Familiares
A Consciência nos vincula tão poderosamente `a nossa família e a outros grupos que, mesmo inconscientemente, sentimos como exigência e obrigação para nós o que outros membros sofreram ou ficaram devendo no grupo. Assim a consciência nos leva a nos emaranhar cegamente na culpa alheia, em pensamentos alheios, preocupações alheias e sentimentos alheios, em brigas alheias e em suas conseqüências, em metas alheias e num desfecho alheio. Quando uma filha, por exemplo, para cuidar dos pais idosos renuncia `a felicidade de ter sua própria família e por isso, é ridicularizada e desprezada pelos outros irmãos, mais tarde uma sobrinha imitará a vida dessa tia e sem perceber essa conexão e sem poder defender-se contra isso, sofrerá o mesmo destino. Aqui, contrapondo-se `a consciência pessoal que sentimos, atua ainda uma outra consciência mais ampla que age secretamente e tem primazia sobre a consciência pessoal. A consciência pessoal e manifesta torna-nos cegos para a consciência oculta e mais ampla, a qual muitas vezes transgredimos justamente ao seguirmos a consciência pessoal. A consciência pessoal que sentimos serve a uma ordem que se deixa perceber através de impulso, necessidade e reflexo. Mas a consciência abrangente, que atua no oculto, permanece despercebida da mesma forma como a ordem, a que ela serve, muitas vezes permanece inconsciente para nós. Assim, não podemos sentir essa ordem: somente a conhecemos pelos seus efeitos, principalmente pelo sofrimento que decorre de sua inobservância, sobretudo para as crianças. A consciência pessoal e manifesta se refere a pessoas a quem nos sentimos ligados: aos pais e irmãos, aos familiares, amigos, parceiros e filhos. Essa consciência confere a essas pessoas um lugar e uma voz na alma. A consciência oculta, em contraposição, toma a seus cuidados as pessoas que excluímos de nossa alma e de nossa consciência, seja porque as tememos ou condenamos, seja porque nos rebelamos contra seu destino, seja porque outros na família se tornaram culpados em relação a elas sem que essa culpa tenha sido reconhecida e, menos ainda, expiada; seja, ainda, porque essas pessoas precisaram pagar pelo que tomamos e recebemos sem que lhe tivéssemos agradecido e as tivéssemos honrado por isso. Essa consciência toma a seus cuidados os rejeitados e os ignorados, os esquecidos e os mortos. Ela não deixa em paz os que se sentem seguros de pertencer ao grupo, até que também deem aos efluídos um lugar e uma voz em seu coração e retornem para o lugar que lhes é devido na família ou no grupo. O direito de pertencer A consciência de grupo dá a todos o mesmo direito de pertencer. Vela para que esse direito seja reconhecido por todos os que fazem parte do grupo. Vela pelo vínculo num sentido mais amplo do que a consciência pessoal. Não conhece nenhuma exceção a essa regra: nem mesmos os assassinos de pessoas pertencentes ao próprio grupo. Eles também continuam pertencendo. Se um membro do grupo é excluído ou expulso pelos outros, mesmo que tenha sido meramente esquecido, porque não se fala mais dele, como frequentemente acontece com uma criança prematuramente falecida, a consciência de grupo faz com que um outro membro do grupo venha a representar o excluído. Ele imita então o destino daquele, sem ter consciência disso. Daí resulta, por exemplo, que um neto imite, por uma identificação inconsciente, um avô excluído, passando a viver, sentir-se, planejar e fracassar como seu avô, sem estar consciente disso.
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